Artigo sobre as novas mutações de Periquitos Ondulados
Autor: José Paulo Correia
Publicação: 16-08-2023
O aumento de melanina das mutações mais recentes abre novas perspetivas sobre o aspeto visual dos periquitos. As mutações mais recentes como o Perolado Melânico, o Antracite, os Asas Negras e os Face Negra têm como característica comum, o aumento da melanina, tornando as aves mais escuras. Ignorando o Perolado Melânico que aumenta a melanina apenas em relação ao Perolado clássico, as outras três mutações aumentam a melanina de um modo nunca visto até aqui, sendo que a combinação das três dá origem a uma ave totalmente negra.
A variedade Antracite influencia apenas a cor da ave, ficando a cor do corpo antracite. As marcações nas asas e cauda são pretas, tornando a ave escura, embora não fugindo ao desenho habitual dos periquitos. É uma variedade dominante incompleta onde apenas as aves com dois fatores antracite têm visualmente a cor antracite. Esta variedade surgiu na Alemanha em 1998 e foi reconhecida pela WBO no seu congresso em 2010 que decorreu em Portugal.
Como se pode observar nesta foto de um periquito Normal Antracite, o periquito é igual a qualquer outro com a exceção da cor, ficando o corpo com a cor antracite.
A variedade Face Negra tem um aumento da melanina na generalidade do corpo, passando as riscas existentes na parte de trás do corpo, onde normalmente se encontra o desenho destas aves, para a frente da ave onde não existem quaisquer riscas onduladas. Nesta variedade as riscas onduladas prolongam-se desde o alto da cabeça até à cera, passado pela própria máscara e cobrindo toda a parte do corpo onde, nas outras variedades, apenas existe a cor da ave. O facto de haver riscas pretas na fronte, máscara e corpo, torna a ave com uma aparência muito mais escura do que as restantes aves. Esta variedade surgiu em 1992 nos Países Baixos, só tendo o criador disponibilizado estas aves a outros criadores há cerca de uma década, não permitindo a sua expansão. A WBO e a COM não têm standard para esta variedade. A FOP elaborou um standard para esta variedade em 2022, permitindo estas aves em concursos com classes próprias. É uma variedade recessiva, ou seja, precisa que a ave tenha dois genes desta variedade para que seja visível.
Na foto apresenta-se um periquito Normal Face Negra Azul Celeste. As marcações nas costas são iguais às dos restantes periquitos. A diferença principal encontra-se nas riscas onduladas que se prolongam pela fronte, máscara e corpo da ave, tornando, a sua aparência, mais escura.
A variedade Asas Negras caracteriza-se também por um aumento da melanina nos periquitos. Na parte de trás da ave, sobretudo do pescoço para baixo, a ave fica muito mais escura do que o habitual. No uropígio, a cor do corpo fica muito mais carregada do que nas outras variedades, o mesmo acontecendo com a cauda. Nas asas dá-se uma alteração do desenho que provoca uma aparência completamente nova nos periquitos. Nas asas, com menos incidência nos ombros, a cor escura do interior das penas substitui a orla amarela ou branca das penas das asas, tornando a ave com uma aparência muito mais escura e diferente das aves de outras variedades. Apesar do nome Asas Negras, as asas não são negras, mas sim mais escuras devido à ausência do amarelo ou branco nas suas marcações. As penas das asas e da cauda só são pretas se a ave for cinzenta como em qualquer outra mutação. Na máscara e no corpo existem também as riscas onduladas características apenas na parte de trás da ave. No entanto estas aves têm uma diminuição da intensidade da cor e marcas nestas partes do corpo, levando que a cor seja mais esbatida do que nas outras variedades e que as riscas existentes nestas zonas não sejam tão visíveis como acontece na variedade Face Negra. Os Asas Negras surgiram em 2002 na Venezuela. Não têm ainda standard da WBO ou COM. A FOP elaborou e aprovou o standard desta variedade em 2022, permitindo a sua presença em exposições em classes próprias. Existem outras entidades nalguns países que também elaboraram o seu próprio standard para esta variedade. É uma variedade recessiva e, como tal, para que a variedade se torne visível na ave necessita que o periquito tenha dois genes dessa variedade.
Na foto, um periquito Normal Asas Negras Azul Celeste, pode-se observar o escurecimento das asas devido à inexistência do rebordo branco nas asas. As riscas onduladas na fronte, máscara e corpo também estão presentes, como nos Face Negra, mas com uma maior diluição.
Como se pode imaginar, uma ave com estas três mutações tornar-se-á num periquito com um aspeto muito diferente dos periquitos até agora existentes. Se um periquito totalmente amarelo ou branco tem um aspeto muito singular, uma ave quase preta tem um grande impacto. A junção destas três variedades de modo que as aves tenham os dois genes das três variedades é algo que pode demorar algumas gerações a conseguir, mas que é perfeitamente possível, já existindo alguns exemplares. Manter uma ave com estas características é também complicado, a menos que se tenha criado um plantel com bastantes aves para que a consanguinidade não seja um problema. Introduzir num plantel destas aves uma ave que não tenha uma ou duas destas variedades, irá demorar algumas gerações até que todas possuam novamente os dois genes das três variedades.
Um periquito com estas três variedades tem a cor do corpo antracite. É muito carregada na zona do uropígio e mais suave na parte da frente do corpo por influência da diminuição da intensidade da cor do corpo dos Asas Negras. No entanto os Face Negra e os Asas Negras têm riscas pretas onduladas no corpo, compensando a diminuição da intensidade do antracite. As riscas onduladas na fronte e na máscara, especialmente notadas nos Face Negra, ajudam ainda mais que a ave se torne mais escura. As marcações das asas com as características dos Asas Negras e a cauda muito escura, são as restantes características que tornam estes periquitos únicos como nunca se poderia imaginar até agora, altura em que estas três variedades se estão a tornar mais populares.
As variedades Asas Negras e Face Negra estão implementadas nos Periquitos de Cor, vulgo ancestrais, ainda não existindo nos Periquitos de Porte ou ingleses. A existência de aves destas variedades nos Periquitos de Porte ainda vai demorar alguns anos, até porque são variedades recessivas. A junção das três variedades nos Periquitos de Porte é bem mais complicada porque se vai demorar até se terem aves de cada uma destas variedades de qualidade, a junção destas três variedades numa só ave de qualidade, será um trabalho muito árduo. Se pensarmos que continuamente vão ter de adicionar aves de melhor qualidade que não terão nenhum destes três fatores, poderemos depreender que obter uma boa ave de porte e manter um conjunto de aves com estas três variedades não vai ser muito fácil. Manter um conjunto destas aves de porte, irá sempre implicar a existência de um grande número de aves e resultados muito lentos.
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